Silva Tavares (Estremoz, Alentejo, Portugal, 1893 – 1964).
Foi poeta, dramaturgo e escritor.
Publicou, com 18 anos de idade, o seu primeiro
livro de versos intitulado Nuvens.
Escreveu
cerca de 100 peças de teatro, entre dramas, comédias e farsas. De realçar,
também, o seu talento para o teatro de revista.
A poesia foi, sem dúvida, predominante na sua vida
literária, publicando mais de 40 obras.
Criou grandes
sucessos para o Fado, tais como: Céu da
Minha Rua, Que Deus me Perdoe, A Casa da Mariquinhas, Fado da Balada, Elogio do
Xaile.
Quadras de Amor
Já te paguei por amor,
muito mais do que devia,
vê lá, se fazes favor,
de me dar a demasia.
Pois se foste beijada,
porque estás a negar?
Depois de carta jogada,
não se pode levantar.
Inda hão-de nascer os lábios,
que digam porque razão,
um beijo dado nos lábios,
se sente no coração.
Não digas que nada fica
da vida fútil moderna.
Fico eu a soar em bica,
quando tu traças a perna.
Eu olhei e tu olhaste,
sorri, sorriste depois,
eu falei e tu falaste,
casei, casámos os dois.
Achaste lindos meus olhos,
pondo os teus olhos nos meus,
mas tu não viste meus olhos,
viste o reflexo dos teus.
O sol prometeu à lua,
as estrelas ao luar,
o meu coração ao teu,
de nunca mais te deixar.
Maria, a quem dei um cravo,
chamou-me doido de amor,
que é mesmo coisa de doido,
dar-se uma flor a outra flor...
Silva
Tavares
Sem comentários:
Enviar um comentário