César Vallejo (Santiago
de Chuco, Peru, 1892 – Paris, França, 1938).
Foi romancista,
dramaturgo e poeta de tendência vanguardista. Evidenciou, nas suas obras, as
condições de vida dos trabalhadores índios e as implicações políticas, sociais
e morais da Guerra Civil Espanhola.
Publicou, em 1919, o seu primeiro livro, Los Heraldos Negros, um dos mais
representativos exemplos do pós-modernismo.
Trilce, publicada em 1922, é considerada uma obra
fundamental pela renovação da linguagem poética hispano-americana.
D.P.
Gallagher, crítico literário e estudioso
da literatura latino-americana, escreveu sobre o poeta: “Não há nenhum poeta na América Latina como Vallejo. Ele será lembrado
por descobrir uma linguagem poética única que expressa o que ele percebeu da
frustração inerente à condição humana e do caos do Mundo”.
Palavras de César
Vallejo:
“Eu nasci num dia em que Deus estava doente.”
“Eu nasci num dia em que Deus estava doente.”
Os
Passos Distantes
Dorme
meu pai. E seu semblante augusto
parece
um aprazível coração;
está
agora tão doce...
se
há nele algo de amargo, serei eu.
Há
solidão no lar; nele se reza,
e
notícia dos filhos não se tem.
Meu
pai desperta, ausculta
a
fuga para o Egito, o estancador adeus.
Está
agora tão perto;
se
algo distante há nele, serei eu.
E
minha mãe passeia no quintal,
saboreando
um sabor já sem sabor.
Está
agora tão suave,
tão
asa, tão saída, tão amor.
Há
solidão no lar, assim sem bulha,
sem
notícias, sem verde, sem infância.
E
se há algo quebrado nesta tarde,
e que desce e que range,
são
dois velhos caminhos brancos, curvos.
Por
eles vai meu coração a pé.
César Vallejo
Tradução: Anderson Braga Horta
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