segunda-feira, 27 de maio de 2019

AMÂNDIO CÉSAR – Escola vazia


AMÂNDIO CÉSAR
(Arcos de Valdevez, Portugal, 1921 – Lisboa, 1987)
Poeta, escritor

***
Foi um dos elementos do grupo Poesia Nova. Como ensaísta e crítico literário, dedicou parte da sua actividade à divulgação das literaturas brasileira e africana de expressão portuguesa, nomeadamente a angolana.
No dizer de Jorge de Sena, "se a sua poesia se integra, apesar de uma certa versatilidade, num lirismo tradicional e tradicionalista, os seus contos aproximam-no do neo-realismo literário na forma de tratar a terra duriense".



in “Poetas Portugueses”


***


ESCOLA VAZIA

Eu fui lá nesse dia, --como nos outros dias,
só para ver, mas ver como se fizesse parte,
as crianças brincar e saltar, despreocupadamerite.

Os jardins estavam vazios de gritos infantis
e um bibe verde-claro, ficou-se
balouçando, no braço estendido
de qualquer arbusto, ao acaso ...

Os jardins estão vazios e mesmo os bancós
não têm ninguém sentado;
um livro aberto, cadernos pelo chão
e uma pena que rolou por rolar
e está espetada como uma seta.

Só acácias tristes balouçam ao vento,
balouçam e vão caindo, e o vento continua
balouçando;
só a escola está vazia,
enquanto os aviões continuam passando, passando ...
 







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