sexta-feira, 10 de maio de 2019

MANUEL DA SILVA GAIO - Soneto de Amor


MANUEL DA SILVA GAIO
(Coimbra, Portugal, 1860 - 1934)
Poeta, ensaísta

***

Esteve intimamente ligado ao movimento do nacionalismo literário surgido na última década do séc. XIX, denominado neolusitanismo – como o documenta a novela sebastianista Últimos Crentes, 1904 – continuado a partir da segunda década do séc. XX pelo Integralismo Lusitano. 

in “Portugal Século XX”

***
SONETO DE AMOR


Ainda o mundo uma vez lembre, Senhora,
Aquele ermo abandono e sorte escura
Do verme que morreu na vã tortura
De certa Estrela amar - tão alta embora!

Porque desde que sinto, como agora,
Quanto de mim sois longe - Astro da Altura!
Com sua inconsolável desventura
A minha já comparo, a cada hora.

Maior é, todavia, o meu quinhão
Na mágoa semelhante: se jamais,
De mudo, espalhou ele a próprio dor,

Inutilmente vara a solidão
A queixa que me ouvis, pois duvidais
De que eu também por vós morra de amor.

 




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