terça-feira, 24 de setembro de 2013

ANTÓNIO RAMOS ROSA

 
 
 

António Ramos Rosa nasceu em Faro, Portugal, no dia 17 de Outubro de 1924. Viveu até ontem, dia 23 de Setembro de 2013.

Poeta, ensaísta, tradutor, crítico literário, é considerado um dos grandes nomes da poesia contemporânea.

Em 1958, publicou o primeiro livro intitulado “ O Grito Claro”.

Foi fundador e co-director de algumas revistas literárias, tais como: “Árvore”; “Cadernos do Meio-dia”; “Cassiopeia”, além de colaborar em publicações espanholas, francesas e brasileiras.

A sua obra está traduzida em várias línguas.

António Ramos Rosa recebeu diversos prémios, dos quais se destacam: “Prémio Fernando Pessoa”, em 1988; “Prémio PEN Clube Português”; “Grande Prémio de Poesia”, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores”; “Prémio de Tradução”, da Fondation de Hautvilliers; “Prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários”; Poeta Europeu da Década”, atribuído pelo Collége de L'Europe, atribuído em 1991.

       
          Em 1997, foi agraciado com a “Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique”.

 
          Em homenagem ao poeta, foi dado o seu nome à Biblioteca Municipal de Faro, inaugurada no dia 23 de Abril de 2001.

            No início deste ano, António Ramos Rosa ofereceu o seu espólio à autarquia de Faro.

 

          Escrevo-te com o fogo e a água

 

Escrevo-te com o fogo e a água. Escrevo-te

no sossego feliz das folhas e das sombras.

Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.

Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.

Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.

 

O que procuro é um coração pequeno, um animal

perfeito e suave. Um fruto repousado,

uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,

uma pergunta que não ouvi no inanimado,

um arabesco talvez de mágica leveza.

 

Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?

Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.

As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.

O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu,

o grande sopro imóvel da primavera efémera.

 

 António Ramos Rosa, in “Antologia Poética”.

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