Cecília Meireles sobre Fernando Pessoa
“Eu creio bem que intimamente nos pareçamos,
como se parecem as pessoas de origem comum. Não só descendemos ambos de
açorianos, o que é uma psicologia especialíssima, como tivemos ambos grandes
mergulhos na literatura inglesa. Ele até escreveu em inglês.
E esses mergulhos já vinham, a
meu ver, tanto nele como em mim, por uma necessidade que se poderia chamar
talvez de ‘insular’ – um sentido de separação, de ausência, de mar em redor…
E por todos esses motivos, você
sabe que os açorianos, os irlandeses, os celtas são criaturas tão de sonho que
estar acordado já é um grande sacrifício… Tanto ele como eu nos aproximamos de
investigações místicas e mágicas do mundo. Ele chegou mesmo a ser astrólogo de
renome, segundo ouvi dizer. Eu, apenas fiquei pasmada diante das feitiçarias do
mundo”.
Imagem:
chegada de Cecília Meireles a Lisboa
em 1934.
Ilustração
do artista plástico Fernando Correia Dias,
seu marido (Lamego, Portugal, 1892 –
Rio de Janeiro, Brasil, 1935).
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