Manuel António Pina (Sabugal,
Portugal, 1943 – Porto, Portugal,
2012).
Poeta,
jornalista, dramaturgo, cronista e autor de livros para crianças foi galardoado
com o “Prémio Camões 2011”.
Instituído pelos governos português e brasileiro em 1988, o Prémio Camões distingue, anualmente, um
autor que, pelo conjunto da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento
do património literário e cultural da língua portuguesa.
O júri justificou a distinção pela “inventividade e
originalidade da obra” e “pelos
trabalhos do autor noutras áreas da literatura, incluindo os seus textos como
cronista, dramaturgo e romancista”.
Algumas das suas obras: Nenhum
Sítio, Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança, O País das Pessoas de Pernas para o
Ar, O Anacronista, O Livro de Desmatemática e A Noite, Poesia Reunida.
Palavras de Manuel
António Pina:
“A pobreza
mete-nos medo. E, no entanto, alimentamo-nos da pobreza, é o seu sangue que
move os nossos carros topo de gama e as nossas fábricas e é à sua sombra que
florescem os nossos paraísos de consumo.”
Estes
são os tempos futuros que temia
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?
Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?
Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.
Tu ainda tinhas essa porta à mão.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.
Manuel
António Pina, in "Nenhum Sítio"
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