Odysséas Elýtis (Creta, Grécia, 1911 – Atenas, Grécia, 1996).
Em 1979,
foi distinguido com o “Prémio Nobel de Literatura”.
Quando a Alemanha nazista ocupou a Grécia em 1941, o poeta lutou contra os italianos
na Albânia.
Palavras
de Odysséas Elýtis:
"No fundo, o mundo material é um puro amontoado de matéria. A
construção final depende da nossa qualidade de arquitectos. O paraíso ou o
inferno. Se a poesia contém uma garantia e isto nestes tempos sombrios, é
precisamente esta: que o nosso destino, apesar de tudo, está nas nossas
mãos."
VIERAM
com os galões dourados
os galos do Norte e as feras do Levante.
E tendo repartido em duas a minha carne
acabaram por se disputar pelo meu fígado
e foram-se.
"Para eles", disseram, "o fumo do sacrifício,
para nós os fumos da glória,
amén."
E o som enviado do passado
todos o ouvimos e conhecemos.
Conhecemos o som e de novo
de voz apertada cantámos:
para nós, para nós o ferro ensanguentado
e a traição triplamente urdida.
Para nós a madrugada na caldeira
e os dentes cerrados até à hora derradeira,
e o dolo e a rede invisível.
Para nós o rastejar na terra,
a jura escondida na escuridão
dos olhos, a crueldade,
sem nenhuma, nunca nenhuma Contrapartida.
Irmãos enganaram-nos!
"Para eles", disseram, "o fumo do sacrifício,
para nós os fumos da glória,
amén."
Mas tu na nossa mão a candeia das estrelas
com a tua fala acendeste, boca do inocente,
porta do Paraíso!
A vigência do fumo no futuro vemos
o jogo da tua respiração
e seu poder e reinado!
Odysséas Elýtis, in “Louvado Seja (Áxion Estí)”
Tradução: Manuel Resende
A história parece-me mera ilusão. Os fatos se repetem, apenas se alteram as roupagens culturais...
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