JOÃO PENHA
(Braga, Portugal, 1838 - 1919)
Poeta
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Foi um notável cultor do soneto. Na sua poesia predomina ora a amargura e o
desencanto ora a mordacidade e a ironia triste.
in” Livro dos Portugueses”
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ESTUDO ANATÓMICO
Entrei no anfiteatro da ciência,
Atraído por mera fantasia,
E aprouve-me estudar anatomia,
Por dar um novo pasto à inteligência.
Discorria com toda a sapiência
O lente numa mesa onde jazia
Uma imóvel matéria, húmida e fria,
A que outrora animara humana essência.
Fôra uma meretriz; o rosto belo
Pude tímido olhá-lo com respeito
Por entre as negras ondas de cabelo.
A convite do lente, contrafeito,
Rasguei-a com a ponta do escalpelo
E não vi coração dentro do peito!
Boa tarde:- Simplesmente magistral e poeticamente sublime
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Cumprimentos poéticos.