MÁRIO CESARINY
(Lisboa, Portugal, 1923 - 2006)
Poeta, pintor
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É considerado o mais importante poeta do surrealismo português, tendo
exercido grande influência na criação do Grupo Surrealista de Lisboa, em 1947,
no mesmo ano em que se encontrou com André Breton, facto que marcaria o seu
trabalho pictórico e literário.
A sua personalidade inquieta e algumas
discordâncias ideológicas levaram-no a afastar-se desse grupo e a lançar “Os
Surrealistas”, escrevendo o Manifesto
Abjeccionista, com Pedro Dom.
Como a poesia, a pintura de Cesariny é espontânea e subversiva, marcada por
uma dimensão algo mágica e onírica, com predomínio da cor, da desordem ou do
caos associados ao automatismo e ao acaso próprios do surrealismo.
in “Instituto Camões” (excerto)
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EM
TODAS AS RUAS TE ENCONTRO
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
in "Pena Capital"
Aquilo a que se chama: " Um crânio literário ". Sem dúvida que o saber vnão ocupa lugar
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Deixando uma saudação poética