ALEJANDRA PIZARNIK
(Buenos Aires, Argentina, 1936 – 1972)
Poetisa,
escritora
***
PEREGRINAÇÃO
Chamei, chamei como náufraga ditosa
as ondas verdugas
que conhecem o verdadeiro nome
da morte
Chamei o vento
confiei-lhe o meu desejo de ser
confiei-lhe o meu desejo de ser
Mas um pássaro morto
voa até a desesperança
em meio à música
quando bruxas e flores
cortam
a mão da bruma.
Um pássaro morto chamado azul.
voa até a desesperança
em meio à música
quando bruxas e flores
cortam
a mão da bruma.
Um pássaro morto chamado azul.
Não é solidão com asas,
é o silêncio da prisioneira,
é a mudez de pássaros e vento,
é o mundo irritado com meu riso
ou os guardiões do inferno
rompendo minhas cartas.
é o silêncio da prisioneira,
é a mudez de pássaros e vento,
é o mundo irritado com meu riso
ou os guardiões do inferno
rompendo minhas cartas.
Tenho chamado, tenho chamado
Tenho chamado até nunca.
Tenho chamado até nunca.
Tradução: Ana Maria Ramiro
Imagem: fotografia de Anatole Saderman
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