OVELHAS NÃO SÃO P’RA MATO
Ovelhas
não são p’ra mato,
Sabe-o
bem o pastor;
Deixam
a lã no carrasco,
A
“perca” é do lavrador.
A
“soidade” é uma flor,
Que se
cria em qualquer vaso;
Lealdades
no amor,
Só se
encontram por acaso.
A
azeitona quando nasce,
Nasce
logo redondinha;
Tu
também quando nasceste,
Foi
logo para seres minha.
És meu
amor, és meu tudo,
És da
minha simpatia;
Tu és a
brilhante estrela,
Para
mim és luz do dia.
Não me
namora o teu riso,
Nem a
tua formosura;
Namora-me
o teu juízo,
Que é o
que um homem procura.
Cancioneiro Popular - Quadras recolhidas por José Leite de Vasconcelos,
filólogo, etnógrafo (Portugal, 1858 – 1941).
Imagem:
pintura de José Malhoa (Caldas da Rainha, Portugal, 1855 – Figueiró dos Vinhos,
1933).