GUSTAVE LE BON
(França, 1841- 1931)
Antropólogo,
psicólogo, sociólogo
***
O
RACIOCÍNIO DAS MULTIDÕES (I)
Não podemos dizer de uma
forma absoluta que as multidões não são influenciáveis por raciocínios. Mas os
argumentos que utilizam e os que agem sobre elas são, do ponto de vista lógico,
de uma categoria de tal modo inferior que só por analogia podemos
classificá-los como raciocínios.
Os raciocínios inferiores
das multidões são, tal como os raciocínios elevados, baseados em associações:
mas as ideias associadas pelas multidões só têm entre si elos aparentes de
semelhança ou de sucessão.
Encandeiam-se à semelhança
das de um esquimó que, sabendo por experiência que o gelo, corpo transparente,
se derrete na boca, concluiu que o vidro, corpo também transparente, deve
igualmente derreter-se na boca; ou das de um selvagem que imagina que adquire a
bravura de um inimigo corajoso comendo-lhe o coração; ou ainda das de um
operário explorado pelo patrão que conclui por isso que todos os patrões são
exploradores.
(continua)
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