ANTÓNIO JOSÉ PINHEIRO
(Tavira, Portugal -1867 – Lisboa, 1943)
Actor
***
Foi uma das principais
figuras do teatro português de finais do século XIX e da primeira metade do
século XX.
A sua extensa carreira de actor
– em companhias como a Rosas & Brazão, a Sociedade Artística e a Rey
Colaço-Robles Monteiro – foi apenas suplantada pelo seu trabalho como
ensaiador/encenador, através do qual foi responsável pelo crescimento artístico
de muitos actores e companhias na passagem para o modelo realista e naturalista
de representação.
Foi no teatro ambulante e
sobretudo no “mambembe” do Brasil – aos quais se dedicou na última década do
século XIX – que declarava ter encontrado o seu verdadeiro baptismo de fogo e a
sua capacidade e versatilidade como actor.
Estreou-se em 1886 no
Teatro Ginásio em Nobres e Plebeus.
Membro
da companhia que daria origem à Rosas & Brazão, António Pinheiro trabalhou
num palco privilegiado onde se jogava a paciente mas clara mudança de paradigma
entre o Romantismo e as tendências naturalistas.
Defensor da veracidade da vida
em palco, crítico feroz das representações exacerbadas características do
Romantismo, escreveu artigos onde expõe a sua defesa do que deve ser a representação,
os figurinos e a encenação. Em simultâneo, critica o ensino de teatro e aponta
caminhos para um curso bem estruturado.
Põe o dedo na ferida sobre o ambiente
que se vive nas companhias, sobre o mau profissionalismo dos actores em geral,
e a sua falta de camaradagem.
António Pinheiro, figura
incontornável e pioneira do Associativismo no campo teatral, criou a "Caixa de
Socorros dos Artistas do Teatro D. Amélia" em 1902, e em 1907 fundou a “Associação
de Classe dos Artistas Dramáticos”, organização esta que visava melhorar as
condições laborais dos actores.
Como professor de Estética
e Plástica Teatral, elaborou o programa da sua cadeira como lugar de estudo da correcta
organização da cenografia, guarda-roupa, acessórios e adereços, oferecendo
propostas de estudo para uma encenação equilibrada.
Propôs o estudo da anatomia
do corpo humano e a sua correcta utilização na composição verosímil de
personagens, aspectos que ficou a dever ao curso de Medicina que frequentara, e
que acabariam por trazer grandes avanços na preparação dos futuros
profissionais de teatro.
A pedagogia acaba por ser,
atendendo às vertentes do seu percurso, a palavra que melhor define o trabalho
de António Pinheiro.
Fonte: “Instituto Camões” (excertos)
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