sábado, 16 de agosto de 2014

ANTERO DE QUENTAL

 
 
 

Antero de Quental (1842-1891) nasceu na Ilha de São Miguel, Açores, Portugal.

Foi poeta, escritor e filósofo. Desenvolveu uma intensa actividade política.

Em 1866, decidiu viver em Lisboa.

Liderou o “Cenáculo”, nome dado ao grupo de intelectuais que pertenceram à “Geração de 70”, tais como Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, Adolfo Coelho, Manuel de Arriaga, entre outros. O “Cenáculo” seria o embrião para as “Conferências do Casino”.

Fundou o jornal “A República”; editou a revista “O Pensamento Social”; dirigiu o jornal “O Académico-Publicação Científica e Literária” e a revista “Ocidental”. Escreveu artigos para vários jornais e revistas.

A sua vasta obra literária é constituída, entre outros, pelos títulos: “Odes Modernas”; “Sonetos Completos”; “Raios de Extinta Luz”; “Primaveras Românticas”; “Beatrice”; “A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais”; “Portugal perante a Revolução de Espanha”; “A Poesia na Actualidade”, “A Bíblia da Humanidade”; “Leituras Populares”.

Escreveu vários opúsculos e sonetos, dos quais se destacam: “Bom Senso e Bom Gosto”; “Na Mão de Deus”, “Evolução” e “Voz Interior”.

Em 1884, Antero de Quental encontrou-se no Palácio de Cristal, no Porto, com Eça de Queirós, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro, onde tiraram a fotografia do “Grupo dos Cinco”.
 
 
Em 1889, Columbano Bordalo Pinheiro, o maior pintor português do século XIX, pintou o retrato de Antero de Quental, que se conserva no Museu do Chiado.
Antes de partir definitivamente para Ponta Delgada, o “Grupo Vencidos da Vida”, que tinha fortes ligações ao grupo “Geração de 70”, ofereceu a Antero um jantar de despedida no Café Tavares.
 
 
 
              Divina Comédia
 
Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — “Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,

Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?

Porque é que para a dor nos evocastes?”
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — “Homens! Por que é que nos criastes?”


Antero de Quental, in “Sonetos”.
Imagem: pintura do retrato de Antero de Quental por Columbano Bordalo Pinheiro.                     
 
 

 

 

 

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