Antero
de Quental
(1842-1891) nasceu na Ilha de São Miguel, Açores, Portugal.
Foi poeta, escritor e filósofo. Desenvolveu uma intensa actividade política.
Foi poeta, escritor e filósofo. Desenvolveu uma intensa actividade política.
Em 1866, decidiu
viver em Lisboa.
Liderou o “Cenáculo”,
nome dado ao grupo de intelectuais que pertenceram à “Geração de 70”, tais como
Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, Adolfo Coelho, Manuel de
Arriaga, entre outros. O “Cenáculo” seria o embrião para as “Conferências do
Casino”.
Fundou o jornal “A
República”; editou a revista “O Pensamento Social”; dirigiu o jornal “O
Académico-Publicação Científica e Literária” e a revista “Ocidental”. Escreveu
artigos para vários jornais e revistas.
A sua vasta obra
literária é constituída, entre outros, pelos títulos: “Odes Modernas”; “Sonetos
Completos”; “Raios de Extinta Luz”; “Primaveras Românticas”; “Beatrice”; “A
Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais”; “Portugal perante a Revolução
de Espanha”; “A Poesia na Actualidade”, “A Bíblia da Humanidade”; “Leituras
Populares”.
Escreveu vários
opúsculos e sonetos, dos quais se destacam: “Bom Senso e Bom Gosto”; “Na Mão de
Deus”, “Evolução” e “Voz Interior”.
Em 1884, Antero de
Quental encontrou-se no Palácio de Cristal, no Porto, com Eça de Queirós,
Oliveira Martins, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro, onde tiraram a fotografia
do “Grupo dos Cinco”.
Em 1889, Columbano
Bordalo Pinheiro, o maior pintor português do século XIX, pintou o retrato de
Antero de Quental, que se conserva no Museu do Chiado.
Antes de partir definitivamente para Ponta Delgada, o “Grupo
Vencidos da Vida”, que tinha fortes ligações ao grupo “Geração de 70”, ofereceu
a Antero um jantar de despedida no Café Tavares.
Divina Comédia
Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — “Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?”
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — “Homens! Por que é que nos criastes?”
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — “Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?”
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — “Homens! Por que é que nos criastes?”
Antero
de Quental, in “Sonetos”.
Imagem: pintura
do retrato de Antero de Quental por Columbano Bordalo Pinheiro.
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