Chame o enrolador de grandes charutos,
Aquele dobrado, e diga-lhe que bata
Os coalhos concupiscentes nas xícaras da cozinha.
Que as gurias zaranzem nos vestidos
Habituais, e os rapazes tragam flores
Em cartuchos de jornais do mês passados.
Que ser seja o final de parecer.
Só há um rei e esse é o rei do sorvete.
Tire da cômoda de pinho,
Que já perdeu três puxadores de vidro, aquele lençol
Que ela bordou um dia com caudas de pavão E estenda-o de modo a cobrir-lhe o rosto.
Se um pé unhudo sair para fora, é
Para mostrar como ela está fria, como está muda.
Que a lâmpada afixe o seu filete.
Só há um rei e este é o rei do sorvete.
Wallace Stevens
Imagem:
L.A de Genaro,
pintor brasileiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário