Isaac Bashevis Singer (1902-1991) nasceu em Radzymin, Polónia.
Foi romancista, jornalista, contista e tradutor judeu-americano.
Passou muitos anos nos Estados Unidos, onde publicou as suas obras. Foi autor
de vários livros infantis.
Embora escrevesse em iídiche (língua de origem judaica ashkenazi), ele supervisionava a
tradução para inglês.
Os seus romances revelam verdades
espirituais e magia para além da vida de todos os dias.
Nos últimos trinta e cinco anos de vida,
Isaac Singer converteu-se ao vegetarianismo, sobretudo por compaixão pelos
animais.
Recebeu, em 1978, o “Prémio Nobel de Literatura”.
Palavras de Isaac
Bashevis Singer:
“Não haverá justiça
enquanto o homem empunhar uma faca ou uma arma e destruir aqueles que são mais
fracos que ele.”
Discurso de Isaac
Singer ao receber o Prémio Nobel:
“Vossas
Majestades, Vossa Alteza Real, Senhoras e Senhores,
As pessoas perguntam-me com frequência: “Porque é
que você escreve numa língua moribunda?” Quero explicá-lo em poucas palavras.
Primeiro, gosto de escrever estórias de fantasmas
e nada se encaixa melhor num fantasma do que uma língua morta. Quanto mais
morta é a língua, mais vivo é o fantasma. Fantasmas amam o iídiche e, até onde eu saiba, todos o dominam.
Em segundo lugar, não creio apenas em fantasmas
como também creio na ressurreição. Estou certo de que, quando o Messias
regressar, milhões de cadáveres fluentes em iídiche
se levantarão de seus túmulos e a primeira pergunta que farão será: “Há algum
novo livro em iídiche para ler?” Para
eles, o iídiche não será uma língua
morta.
Terceiro: em 2000 anos o hebraico foi considerado
uma língua morta. Subitamente ela se tornou estranhamente viva. O que aconteceu
ao hebraico pode também ocorrer, um dia, ao iídiche.
(embora eu não tenha a mínima ideia de como isso poderia passar-se).
Há ainda uma quarta razão secundária para não
renunciar ao iídiche que é esta: o iídiche pode ser uma língua moribunda,
mas é a única que eu conheço bem. O iídiche
é minha língua materna e uma mãe nunca está realmente morta.
Senhoras e senhores: há quinhentas razões pelas
quais eu comecei a escrever para crianças, mas para economizar tempo irei
mencionar somente dez delas:
Número 1) Crianças lêem livros e não resenhas.
Elas não dão a mínima para os críticos.
Número 2) Crianças não lêem para encontrar a sua
identidade.
Número 3) Elas não lêem para se ver livres de
culpa, para saciar sua sede de rebelião, ou para se desembaraçar da alienação.
Número 4) Elas não vêem utilidade na psicologia.
Número 5) Elas detestam sociologia.
Número 6) Elas não tentam entender Kafka ou o
Finnegans Wake.
Número 7) Elas ainda crêem em Deus, na família,
anjos, demónios, bruxas, gnomos, lógica, claridade, pontuação, e outras coisas
obsoletas.
Número 8) Elas amam histórias interessantes, não
lêm comentários, guias ou notas de rodapé.
Número 9) Quando um livro é chato, elas bocejam
descaradamente, sem qualquer vergonha ou medo da autoridade.
Número 10) Elas não esperam que seu bem-amado
escritor redima a humanidade. Jovens como são, elas sabem que isto não está sob
o poder dele. Apenas adultos possuem tais ilusões infantis.”
Isaac Bashevis Singer
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