Eça de Queiroz (1845-1900) nasceu na Póvoa de Varzim, Portugal.
Romancista, contista, diplomata, advogado e tradutor é considerado
como um dos principais representantes do realismo português.
Em 1909, publicou Prosas
Bárbaras, um conjunto de dez folhetins divulgados no jornal “Gazeta de
Portugal”.
Foi membro proeminente do “Cenáculo”. Participou nas “Conferências
Democráticas do Casino Lisbonense”, proferindo a quarta conferência intitulada
“A Nova Literatura ou o Realismo como Expressão de Arte”.
Foi autor das célebres obras: O
Primo Basílio, O Conde de Abranhos, A Catástrofe, O Crime do Padre Amaro, O
Mandarim, O Mistério da Estrada de Sintra, A Relíquia, Os Maias, A Ilustre Casa
de Ramires, A Cidade e as Serras, A Tragédia da Rua das Flores..
Palavras de Eça de Queirós:
"As duas qualidades mais preciosas em
Arte, que mais raramente se reúnem: Realidade e Poesia."
Coração Incoerente
A superior sapiência das nações já formulou esta
lei naquele seu fino adágio: O coração não sente o que os olhos não vêem. A
mais pequenina dor que diante de nós se produz e diante de nós geme, põe na
nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as
mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus.
Um homem caído a um poço na minha rua mais
ansiadamente me sobressalta que cem mineiros sepultados numa mina da Sibéria: -
e um carro esmagando a pata de um cão, em frente à nossa janela, é um caso
infinitamente mais aflitivo do que a heróica e admirável Joana d'Arc queimada
na praça de Rouen.
Eça de Queirós, in “Distrito de Évora”.
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