domingo, 28 de janeiro de 2018

JORGE DE LIMA - Soneto



JORGE DE LIMA
(União dos Palmares, Brasil, 1893 — Rio de Janeiro, 1953)
Poeta, romancista, tradutor, pintor

***
Soneto

Divina Voz, divino Sopro santo,
respiro-me em teu Voo, veloz Amor.
E sinto-me pequeno de poesia.
Vezes uns uivos, longe de ser canto

vestem-me os pelos como manto novo,
cordas revoando. Louvo-te Senhor.
Tenho em roda ao pescoço uma coleira
de cão, de pobre cão entre o meu povo.

Nem sei dizer se esse mudado verbo,
nem sei dizer se essa gaguez furiosa,
essa rosa de vento que é meu berro

se tornou na asfixia de Teu perro,
- canto com que louvar- Te, canto-chão,
nessa Tua divina ventania.

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