BULHÃO PATO
(Bilbau, Espanha, 1828 - Monte da
Caparica, Portugal, 1912)
Poeta
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Poeta romântico, caracterizava-se pelo excesso de idealismo, pelo diletantismo
do homem de letras, gosto pelo estilo sentimental e lírico, pela natureza, a mulher,
os gestos galantes e o erotismo de tertúlia. Traduziu Shakespeare e Victor Hugo.
Fonte: “Enciclopédia Portuguesa”
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ANJO CAÍDO
Na flor da vida, formosa,
Ingénua, casta, inocente,
Eras tu no mundo, rosa!
Quem te arrojou de repente
Para o abismo fatal!
Viste um dia o sol de Abril;
O teu seio virginal
Sorriu alegre e gentil.
Ergueu-se aos clarões suaves
D'aquela doce alvorada
A tua face encantada.
Amaste o doce gorjeio
Que desprendiam as aves,
E no teu cândido seio
Quanto amor, quanta ilusão
Alegre pulava então!
Mal haja o fatal destino,
Maldita a sinistra mão,
Que em teu cálix purpurino
Derramou fera e brutal
Esse veneno fatal.
Hoje és bela; mas teu rosto
Que outr'ora alegre sorria,
É todo melancolia!
Hoje nem sol, nem estrela,
Para ti brilha no céu;
Mal haja quem te perdeu!
Ingénua, casta, inocente,
Eras tu no mundo, rosa!
Quem te arrojou de repente
Para o abismo fatal!
Viste um dia o sol de Abril;
O teu seio virginal
Sorriu alegre e gentil.
Ergueu-se aos clarões suaves
D'aquela doce alvorada
A tua face encantada.
Amaste o doce gorjeio
Que desprendiam as aves,
E no teu cândido seio
Quanto amor, quanta ilusão
Alegre pulava então!
Mal haja o fatal destino,
Maldita a sinistra mão,
Que em teu cálix purpurino
Derramou fera e brutal
Esse veneno fatal.
Hoje és bela; mas teu rosto
Que outr'ora alegre sorria,
É todo melancolia!
Hoje nem sol, nem estrela,
Para ti brilha no céu;
Mal haja quem te perdeu!
Imagem: Retrato de Bulhão Pato
(1883) por Columbano Bordalo Pinheiro. Museu do Chiado.
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