segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

QUANDO O DIABO É VENTRÍLOQUO




QUANDO O DIABO É VENTRÍLOQUO


O Diabo resolveu reunir o seu sabbat num sótão da cidade de Amiens.

Um dominicano publicou uma dissertação sobre a infestação dos corpos e a possessão dos corpos.

Um pedreiro ouviu a campainha tocar sozinha. Ficou obcecado. 

Houve costureiras que ouviram varrer o sótão à meia-noite. Dois padres e um fidalgo dão o mesmo testemunho.

Enquanto o cura Languet combatia as possessões, algumas pessoas tentavam fazer passar por feiticeiro um merceeiro de Saint-Germain-en-Laye, que era ventríloquo.

La Chapelle, que apresentou este ventríloquo à Academia das Ciências, foi suspeito de cumplicidade. É que Saint-Gilles tinha o talento de articular palavras muito distintas com a boca bem fechada ou toda aberta. A sua voz parecia vir, ora do meio dos ares, ora da abóbada de um templo, do alto de uma árvore ou do seio da terra.

Ora, este facto raro não podia ser encarado como natural. Todos os que falavam de outro modo que não pela abertura destinada à fala, só podiam fazê-lo com a intervenção do Demónio! O Diabo fazia das suas no ventre deste miserável!

As obras do Diabo estavam em toda a parte e manifestava-se de mil maneiras!




in “História da Magia e do Ocultismo” – Danielle Hemmert e Alex Roudene. 

Imagem: assinatura demoníaca, que se acredita ser a caligrafia do próprio Diabo.

   

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