Quando o Muro de Berlim
foi derrubado, muitas pessoas interrogaram-se sobre se isso significaria o fim
dos romances de espionagem. No entanto, Frederick Forsyth, um dos mais famosos
autores mundiais do género, nunca teve dúvidas. Ele sabia que as animosidades
de longa data sobreviveriam aos esforços diplomáticos para as disfarçar, e, na
verdade, pouco tempo depois, o desmascarar do infame espião Aldrich Ames veio
dar-lhe razão.
O autor descreve
vividamente os seus objectivos como escritor, comparando a arena política com
uma representação teatral:
- Nós, os contribuintes e
votantes comuns, sentamo-nos nas bancadas olhando para o palco. O pano sobe e
nós assistimos a uma actuação, seja uma sessão parlamentar, seja uma
conferência de imprensa. Mas nós só vemos o que os produtores querem que
vejamos. O que eu tento fazer é tomar o leitor pela mão e dizer-lhe: «Venha
comigo aos bastidores e eu mostro-lhe as mesmas pessoas sem as perucas, sem a
maquilhagem, antes de terem tempo de ensaiar o que vão dizer. Eu mostro-lhe
como as coisas são na realidade…»
Como é que ele consegue
esse tipo de informação? Falando com quem sabe. No caso de Ícone, isso implicou falar com agentes arrependidos do KGB, fontes
dos serviços pensionários britânicos, ex-superiores de Aldrich Ames na CIA,
visitas a Moscovo e a leitura de um sem número de publicações. Mas a espionagem
em geral não terá sofrido uma redução desde o fim da guerra fria?
- Pelo contrário – diz Frederick
Forsyth. – Andam mais atarefados que nunca. Está a acontecer tanta coisa…
Nos intervalos da escrita
ou da investigação, Forsyth dedica-se à criação de carneiros na sua herdade do
Hertfordshire, onde vive com a mulher, Sandy.
- No fundo eu não passo de
um simples camponês – comenta o autor.
in “Ícone"
Imagem: retrato de Frederick Forsyth por Zsuzsi Roboz
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