segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

ORFEU E EURÍDICE




ORFEU E EURÍDICE

Orfeu era um grande poeta e músico na mitologia grega, e Eurídice era sua mulher. Orfeu cantava tão melodiosamente com a sua lira que atraía feras, árvores e até pedras.

Quando Eurídice foi morta por uma serpente, Orfeu desceu ao mundo inferior e implorou a Hades que deixasse Eurídice voltar para a Terra. Hades concordou, com uma condição – que Orfeu fosse à frente dela e não olhasse para trás senão quando chegasse de novo à Terra.

Orfeu não conseguiu resistir a olhar e por isso perdeu-a para sempre.






in “Dicionário do Conhecimento Essencial”







domingo, 20 de dezembro de 2020

BERNARDO SANTARENO - Desencontro




BERNARDO SANTARENO
(Santarém, Portugal, 1920 – Oeiras, 1980)
Dramaturgo

***
Foi uma das mais sérias revelações do teatro português nos últimos decénios, cuja bela imaginação dialogal e cénica era inspirada na fraseologia e num misto de poesia, à mistura com superstições populares e em íntima comunhão humana com o erótico e o religioso.
Só em 1957 escreveu três peças dramáticas: A Promessa, O Bailarino e A Excomungada.
A última foi, Português, Escritor, 45 anos de Idade.

Fonte: Literatura Portuguesa

***

DESENCONTRO                    


Jograis e trovadores,
vagabundos de todos os tempos,
são os meus parentes.
Não me peçam construções,
nem actos úteis de momento:
Eu sou um adolescente
e nunca serei adulto.
Não me peçam sobriedade,
nem gestos medidos, cinzentos:
Eu sou um arlequim
e visto-me de encarnado,
como as aves no firmamento
e como as flores na terra!
Não me exijam palavra certa,
nem honra... P'ra quê ilusões?
Nem santo, nem herói, nem mestre:
Eu sou um poeta
e só posso dar canções!



sábado, 19 de dezembro de 2020

FINA GARCÍA MARRUZ - O Menino Bonito



FINA GARCÍA MARRUZ
(Havana, Cuba, 1923)
Poetisa

***
É uma das principais vozes da poesia e ensaio do século XX cubano. Integrou o grupo “Origens”.

***
O MENINO BONITO

Só você, menino bonito, pode entrar num parque.
Eu entro em certos campos, em certas folhas ou em aves.

Só você, menino bonito, pode levar a roupa
ausente do defunto, distraída e remota.

A roupa desenhada, o chapéu da ave.
Só você nesse reino indissolúvel e grave

tocou a magia do exterior, as coisas
indizíveis. Eu levo a roupa maliciosa

de quem sabe da morte e da amarga inocência.
Você não sabe que tem toda a ciência possível.

Mas ai! quando o saiba, o parque estará destruído,
você conhecerá a estranha lucidez do adormecido,

e por que o sol que ilumina seus álamos dourados
hoje os tinge de ouro com palavras e dias melancólicos. 




Tradução: Alai Garcia Diniz e Luizete Guimarães Barros


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

HELENA KOLODY - Sonhar



HELENA KOLODY
(Brasil, 1912 – 2004)
Poetisa

***

É considerada uma das mais altas e expressivas figuras da poesia brasileira contemporânea.
Foi a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, em 1941
Foi criado, em 1988, o "Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody", realizado anualmente pela Secretaria da Cultura do Paraná, em sua homenagem.

***

SONHAR

Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço
Num voo poderoso e audaz da fantasia.
Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,
Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante Paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.
É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,
Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar constantemente o olhar ao céu profundo.
Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:
Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.



quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

VLADIMIR MAYAKOVSKY – E então, que quereis?



VLADIMIR MAYAKOVSKY
(Rússia, 1893 – 1930)
Poeta e dramaturgo

***

Considerado um dos maiores influentes autores do século XX, foi um dos fundadores do movimento futurista da Rússia.
Publicou, em 1915, Nuvem de Calças, a sua primeira grande obra.
Foi o principal poeta da revolução russa.

***
E ENTÃO, QUE QUEREIS?

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.



Tradução: E. Carrera Guerra

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

O CONTRABANDISTA




O CONTRABANDISTA


Conta-se que Nasrudin atravessava repetidamente a fronteira entre a Pérsia e a Grécia. Num sentido viajava montado num burro com dois cestos cheios de palha, no outro, caminhava sozinho a pé. Os guardas revistavam-no sempre por suspeitarem de contrabando, mas nunca encontraram motivos para o prender.

Anos mais tarde, um desses guardas reencontrou Nasrudin no Egipto, um Nasrudin com aparência de riqueza e prosperidade, e perguntou-lhe:

- Diz-me agora, Nasrudin, o que é que tu contrabandeavas na fronteira?

- Burros!





in “Parábolas e Contos de Nasrudin” – organizado por Alexander Rangel. 





terça-feira, 15 de dezembro de 2020

ARMANDO CÔRTES-RODRIGUES – Vozes da Noite


ARMANDO CÔRTES-RODRIGUES
(Açores,  Portugal, 1891 – 1971)
Poeta, etnólogo 

***

Foi o autor do Cancioneiro Geral dos Açores e de Adágio Popular Açoriano.
Publicou versos saudosistas na revista “Águia”.

***

 

VOZES DA NOITE

 

Vozes na Noite! Quem fala

Com tanto ardor, tanto afã?

Falou o Grilo primeiro,

Logo depois foi a Rã.

 

Pobre loucura dos homens

Quando julgam entendê-las…

Só eles pasmam os olhos

Neste encanto das estrelas…

 

Lá no silêncio dos campos

Ou no mais ermo da serra,

Na voz das rãs fala a água,

Na voz dos grilos a Terra.

 

Só eles cantam a vida

Com amor e singeleza,

Por ser descuidada, alegre;

Por ser simples, com beleza.

 

Pudesse agora dizer-te,

Sem ser por palavras vãs,

O que diz a voz dos grilos,

O que diz a voz das rãs.

 

 

 

in “Antologia Poética”






 

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...