JULIO HERRERA Y REISSIG
(Montevidéu, Uruguai, 1875 - 1910)
Poeta
***
AMOR
SÁDICO
Já
não te amava, sem que meu desejo
fugisse á sombra de teu amor distante.
Já não te amava, e contudo o beijo
de uma repulsa nos uniu um instante...
Acre prazer tornou-me seu possesso,
crispou-me a face, mudou meu semblante.
Já não te amava e turbei-me, não obstante,
qual uma virgem entre um bosque espesso.
E já perdida para sempre, ao ver-te
amanhecer sob o eterno luto,
- mudo o amor, o coração inerte -,
atroz, esquivo, rigoroso, hirsuto...
Jamais vivi como naquela morte,
jamais te amei como num tal minuto!
fugisse á sombra de teu amor distante.
Já não te amava, e contudo o beijo
de uma repulsa nos uniu um instante...
Acre prazer tornou-me seu possesso,
crispou-me a face, mudou meu semblante.
Já não te amava e turbei-me, não obstante,
qual uma virgem entre um bosque espesso.
E já perdida para sempre, ao ver-te
amanhecer sob o eterno luto,
- mudo o amor, o coração inerte -,
atroz, esquivo, rigoroso, hirsuto...
Jamais vivi como naquela morte,
jamais te amei como num tal minuto!
Tradução:
José Bento
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