sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

ALBERT CAMUS - A Liberdade e a Justiça



ALBERT CAMUS
(Argélia, 1913 – França, 1960)
Escritor, filósofo
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Prémio Nobel da Literatura de 1957, representa uma das referências fundamentais do existencialismo. Com uma obra rica e multifacetada, o escritor franco-argelino foi, pela liberdade de espírito e pela orientação libertária, aquele que, na sua geração, melhor pôde corresponder à superação do espírito do tempo.  
in “Centro Nacional de Cultura”

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A LIBERDADE E A JUSTIÇA

A revolução do século XX separou arbitrariamente, para fins desmesurados de conquista, duas noções inseparáveis. 

A liberdade absoluta mete a justiça a ridículo. 
A justiça absoluta nega a liberdade. 

Para serem fecundas, as duas noções devem descobrir os seus limites uma dentro da outra. 

Nenhum homem considera livre a sua condição se ela não for ao mesmo tempo justa, nem justa se não for livre. Precisamente, não pode conceber-se a liberdade sem o poder de clarificar o justo e o injusto, de reivindicar todo o ser em nome de uma parcela de ser que se recusa a extinguir-se. 

Finalmente, tem de haver uma justiça, embora bem diferente, para se restaurar a liberdade, único valor imperecível da história. 

Os homens só morrem bem quando o fizeram pela liberdade: pois, nessa altura, não acreditavam que morressem por completo.  




in "O Mito de Sísifo" 




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