ALBERT CAMUS
(Argélia, 1913 – França, 1960)
Escritor, filósofo
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Prémio Nobel da
Literatura de 1957, representa uma das referências fundamentais do existencialismo.
Com uma obra rica e multifacetada, o escritor franco-argelino foi, pela
liberdade de espírito e pela orientação libertária, aquele que, na sua geração,
melhor pôde corresponder à superação do espírito do tempo.
in “Centro Nacional de Cultura”
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A LIBERDADE E A JUSTIÇA
A revolução do século XX separou
arbitrariamente, para fins desmesurados de conquista, duas noções inseparáveis.
A liberdade absoluta mete a justiça a ridículo.
A justiça absoluta nega a
liberdade.
Para serem fecundas, as duas noções devem descobrir os seus limites
uma dentro da outra.
Nenhum homem considera livre a sua condição se ela não for
ao mesmo tempo justa, nem justa se não for livre. Precisamente, não pode
conceber-se a liberdade sem o poder de clarificar o justo e o injusto, de
reivindicar todo o ser em nome de uma parcela de ser que se recusa a
extinguir-se.
Finalmente, tem de haver uma justiça, embora bem diferente, para
se restaurar a liberdade, único valor imperecível da história.
Os homens só
morrem bem quando o fizeram pela liberdade: pois, nessa altura, não acreditavam
que morressem por completo.
in "O Mito de Sísifo"
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