FILINTO ELÍSIO
(Lisboa, Portugal, 1734 – Paris, França, 1819)
Poeta,
tradutor
***
Fugido da Inquisição, aportou
a França em 1778. Fez traduções e compôs odes, epístolas, epigramas, sátiras, etc.
Poeta árcade pelo formalismo, é já pré-romântico pelo conteúdo das suas composições.
O seu maior mérito é o da linguagem, pois segundo Almeida Garrett «nenhum poeta,
desde Camões, havia feito tantos serviços à língua portuguesa». As suas Obras Completas, 1817-1819, abrangem 11 volumes.
in “Grande Livro dos Portugueses”
***
ESTENDE
O MANTO, ESTENDE, Ó NOITE ESCURA
Estende o manto, estende, ó noite escura,
Enluta de horror feio o alegre prado;
Molda-o bem c’o pesar dum desgraçado
A quem nem feições lembram da ventura.
Enluta de horror feio o alegre prado;
Molda-o bem c’o pesar dum desgraçado
A quem nem feições lembram da ventura.
Nubla
as estrelas, céu, que esta amargura
em que se agora ceva o meu cuidado,
gostará de ver tudo assim trajado
da negra cor da minha desventura.
em que se agora ceva o meu cuidado,
gostará de ver tudo assim trajado
da negra cor da minha desventura.
Ronquem
roucos trovões, rasguem-se os ares,
rebente o mar em vão n’ocos rochedos,
solte-se o céu em grossas lanças de água.
rebente o mar em vão n’ocos rochedos,
solte-se o céu em grossas lanças de água.
Consolar-me
só podem já pesares;
quero nutrir-me de arriscados medos,
quero sacia de mágoa a minha mágoa!
quero nutrir-me de arriscados medos,
quero sacia de mágoa a minha mágoa!
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