terça-feira, 19 de maio de 2020

PHILIP LARKIN – Deixemo-nos agora, meu amor: mas não



PHILIP LARKIN
(Reino Unido, 1922 – 1985)
Poeta, romancista

***

Em 1964, confirmou a reputação como um grande poeta com a publicação de The Whitsun Weddings, e novamente em 1974 com High Windows : colectâneas cuja sagacidade abrasadora, não esconde a visão sombria do poeta e a obsessão subjacente a temas universais de mortalidade, amor e solidão humana.


Fonte: “Academy of American Poets”


***

DEIXEMO-NOS AGORA, MEU AMOR: MAS NÃO


Deixemo-nos agora, meu amor: mas não
seja amargo desastre. Houve no passado,
muito luar a mais e autocompaixão:
acabemos com isso: já como nunca é dado
agora ao sol audaz atravessar o céu
e nunca aos corações deram mais ganas
de serem livres contra mundos, florestas; eu
e tu não os detemos, nós somos as praganas
a ver o grão partir e é para outro uso.


E tem-se pena. Sempre se tem alguma.
Mas não demos às vidas laço escuso,
como barcos ao vento, de luz molhada a crista,
desferram do estuário e cada um lá ruma:
separam-se acenando e perdem-se de vista.




Tradução: Vasco Graça Moura






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