O MEU
PAI JÁ ESTÁ DEITADO
O meu
pai já está deitado,
Minha
mãe está-me a chamar;
Eu bem
sei o qu’ela quer,
Não me
deixa namorar.
Não me
deixa namorar,
Diz que
o tempo já passou;
Coitada
já não se lembra,
Que ela
também namorou.
Que ela
também namorou,
Num
tempo que já lá vai;
Coitada
já não se lembra,
Que
namorou o meu pai.
Tão
triste agora me vejo,
Sem a
tua companhia;
Que até
já nem me lembro,
Se fui
alegre algum dia.
Ó meu
bem quando casarmos,
Não te
quero ver mondar;
Quero
que fiques em casa,
Porque
te quero estimar.
O meu
amor é carreiro,
Tem
arreatas na mão;
Eu
também o trago a ele,
Dentro
do meu coração.
Cancioneiro Popular - Quadras recolhidas por José Leite de Vasconcelos, filólogo, etnógrafo (Portugal, 1858 – 1941).
Imagem:
pintura de José Malhoa (Caldas da Rainha, Portugal, 1855 – Figueiró dos Vinhos,
1933).