domingo, 5 de julho de 2020

GUSTAVE LE BON – O Raciocínio das Multidões (II)




GUSTAVE LE BON
(França, 1841- 1931)
Antropólogo, psicólogo, sociólogo

***

O RACIOCÍNIO DAS MULTIDÕES (II)

(continuação)


Associação de coisas diferentes, que não têm entre si mais do que relações aparentes, e generalização imediata de casos particulares que são as características da lógica colectiva. São associações desta ordem que os oradores que sabem conduzir as multidões lhes apresentam sempre. Só elas podem influenciá-las. 

Um encandeamento de raciocínios rigorosos seria totalmente incompreensível para as multidões, e é por isso que podemos dizer que elas não raciocinam ou raciocinam mal e não são influenciáveis por um raciocínio. 

A falta de consistência de certos discursos que exercem enorme influência nos ouvintes espanta por vezes quem os lê; mas esquecemo-nos que eles foram feitos para arrastar colectividades e não para serem lidos por filósofos. 

O orador, em comunicação íntima com a multidão, sabe evocar as imagens que a seduzem. Se o consegue, atingiu o seu objectivo; e um volume de discursos é menos eficaz que meia dúzia de frases que seduziram as almas que era necessário convencer.


(continua)




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