sexta-feira, 23 de agosto de 2013

EUGÉNIO DE CASTRO

 
Eugénio de Castro nasceu em Coimbra a 4 de Março de 1869, e viveu até 17 de Agosto de 1944.
Formou-se em Letras na Universidade de Coimbra, onde foi professor universitário.
Em 1884, iniciou a publicação das suas obras poéticas. Foi um dos fundadores da revista internacional “Arte”, que difundia os textos de escritores nacionais e estrangeiros.
Colaborou nas revistas "Os insubmissos" e "Boémia Nova", ambas seguidoras do Simbolismo Francês.
Regressado de França, publicou “Oaristos” que representou um marco para o início do Simbolismo em Portugal. Pode-se considerar esta, como a primeira fase da obra de Eugénio de Castro. A segunda fase, que inclui os poemas escritos durante o século XX, revela um poeta neoclássico.
O poeta Albano Martins organizou, para a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, uma Antologia de Eugénio de Castro, antecedida de um prefácio, de sua autoria.
 
                                      Presságios

Quando eu nasci, tocava o fogo
Na minha freguesia,
E um meu vizinho, que perdera ao jogo,
Golpeava as veias, quando eu nascia.

Chegando ao mundo, comigo vinha
Uma irmãzinha,
Pó que, mudado em flor, voltou logo a ser pó...
E eu comecei, chegando ao mundo, a ver-me só...

A linda gémea, que Deus me dera,
Logo morria, mal nascera,
Morria logo...
Na freguesia, tocava a fogo...

Com tais avisos, com tais presságios,
Breve me afiz a padecer, sem protestar,
Ódios, tormentos, decepções, lutos, naufrágios,
Os idos, os de agora e os mais que hão-de chegar.


Eugénio de Castro, in “Antologia”




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