Eugénio de Castro nasceu em Coimbra a 4 de
Março de 1869, e viveu até 17 de Agosto de 1944.
Formou-se em Letras na Universidade de
Coimbra, onde foi professor universitário.
Em 1884, iniciou a publicação das suas
obras poéticas. Foi um dos fundadores da revista internacional “Arte”, que
difundia os textos de escritores nacionais e estrangeiros.
Colaborou nas revistas "Os insubmissos" e "Boémia Nova",
ambas seguidoras do Simbolismo Francês.
Regressado de França, publicou “Oaristos”
que representou um marco para o início do Simbolismo em Portugal. Pode-se
considerar esta, como a primeira fase da obra de Eugénio de Castro. A segunda
fase, que inclui os poemas escritos durante o século XX, revela um poeta
neoclássico.
O poeta Albano Martins organizou, para a
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, uma Antologia de Eugénio de Castro, antecedida
de um prefácio, de sua autoria.
Presságios
Quando
eu nasci, tocava o fogo
Na minha freguesia,
E um meu vizinho, que perdera ao jogo,
Golpeava as veias, quando eu nascia.
Chegando ao mundo, comigo vinha
Uma irmãzinha,
Pó que, mudado em flor, voltou logo a ser pó...
E eu comecei, chegando ao mundo, a ver-me só...
A linda gémea, que Deus me dera,
Logo morria, mal nascera,
Morria logo...
Na freguesia, tocava a fogo...
Com tais avisos, com tais presságios,
Breve me afiz a padecer, sem protestar,
Ódios, tormentos, decepções, lutos, naufrágios,
Os idos, os de agora e os mais que hão-de chegar.
Na minha freguesia,
E um meu vizinho, que perdera ao jogo,
Golpeava as veias, quando eu nascia.
Chegando ao mundo, comigo vinha
Uma irmãzinha,
Pó que, mudado em flor, voltou logo a ser pó...
E eu comecei, chegando ao mundo, a ver-me só...
A linda gémea, que Deus me dera,
Logo morria, mal nascera,
Morria logo...
Na freguesia, tocava a fogo...
Com tais avisos, com tais presságios,
Breve me afiz a padecer, sem protestar,
Ódios, tormentos, decepções, lutos, naufrágios,
Os idos, os de agora e os mais que hão-de chegar.
Eugénio de Castro, in “Antologia”
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