Antero
de Quental (Ponta Delgada, Açores, Portugal, 1842-1891).
Poeta, escritor, filósofo e
político foi um genuíno defensor da justiça, da fraternidade e da liberdade.
Inconformado
com a situação social, política e cultural conservadora e retrógrada, fomentada pelo
Ultra-Romantismo decadente e moralmente degradado, Antero opunha o Realismo, apresentando
a verdade da vida do povo: a pobreza, a exploração, as misérias da sociedade.
O seu carácter forte de líder, transformou-o
no inspirador, mentor e símbolo da Geração
de 70 constituída, basicamente, por um grupo de jovens
intelectuais de Coimbra.
Odes Modernas e Sonetos Completos são duas obras-primas
da nossa cultura.
Palavras de Antero de Quental:
“Cada nação tem os representantes do seu génio. Nós temos
Camões, mas creio que o ignoramos.”
Evolução
Fui
rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco
ou ramo na incógnita floresta...
Onda,
espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi,
fera talvez, buscando abrigo
Na
caverna que ensombra urze e giesta;
Ou,
monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em
espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à
liberdade.
Antero
de Quental, in “Sonetos”
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