terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

ANTERO DE QUENTAL - Evolução

 
 
 
 
 

Antero de Quental (Ponta Delgada, Açores, Portugal, 1842-1891).

Poeta, escritor, filósofo e político foi um genuíno defensor da justiça, da fraternidade e da liberdade.

Inconformado com a situação social, política e cultural conservadora e retrógrada, fomentada pelo Ultra-Romantismo decadente e moralmente degradado, Antero opunha o Realismo, apresentando a verdade da vida do povo: a pobreza, a exploração, as misérias da sociedade.

O seu carácter forte de líder, transformou-o no inspirador, mentor e símbolo da Geração de 70 constituída, basicamente, por um grupo de jovens intelectuais de Coimbra.

Odes Modernas e Sonetos Completos são duas obras-primas da nossa cultura.

 

 
Palavras de Antero de Quental:

“Cada nação tem os representantes do seu génio. Nós temos Camões, mas creio que o ignoramos.”
 
 
 
 

 
                        Evolução
 
 
Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...
 Hoje sou homem, e na sombra enorme
 Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
 Que desce, em espirais, da imensidade...
 Interrogo o infinito e às vezes choro...
 Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
 E aspiro unicamente à liberdade.
 
Antero de Quental, in “Sonetos”                     
 

 
 

 

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