Bernardo
Soares, ajudante de guarda-livros num escritório na cidade de
Lisboa, onde viveu toda a sua modesta vida, conheceu
Fernando Pessoa num pequeno restaurante frequentado por ambos.
Aproveitando a oportunidade
desses encontros frequentes, Bernardo Soares pediu a Fernando Pessoa para ler o
seu Livro do Desassossego.
Palavras de Bernardo Soares:
“Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que
instrumentos tange e range, cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de
mim. Só me conheço como sinfonia.”
O peso de haver
o mundo
Passa no sopro de aragem
Que um momento o levantou,
Um vago anseio de viagem
Que o coração me toldou.
Será que em seu movimento
A brisa lembre a partida
Ou que a largueza do vento
Lembre o ar livre da ida?
Não sei, mas subitamente
Sinto a tristeza de estar
O sonho triste que há rente
Entre sonhar e sonhar.
Passa no sopro de aragem
Que um momento o levantou,
Um vago anseio de viagem
Que o coração me toldou.
Será que em seu movimento
A brisa lembre a partida
Ou que a largueza do vento
Lembre o ar livre da ida?
Não sei, mas subitamente
Sinto a tristeza de estar
O sonho triste que há rente
Entre sonhar e sonhar.
Bernardo
Soares (heterónimo ou semi-heterónimo de Fernando Pessoa).
Sem comentários:
Enviar um comentário