Quão Grande, Meus Amigos não era o Povo em que um Poeta
podia dizer isto, sem medo de que o mundo, nem a posteridade, o desmentisse!
E nós também, nós, os Portugueses, já houve um tempo, em que
pouco menos fomos.
Ouvi como o nosso Camões o cantava:
Mas em
tanto que cegos, e sedentos
andais
do vosso sangue, ó gente insana,
não
faltarão cristãos atrevimentos
nesta
pequena casa Lusitana.
De
África tem marítimos assentos;
é na
Ásia mais que todas soberana;
na
quarta parte nova os campos ara,
e, se
mais mundo houvera, lá chegara.
Hoje...
que são aquela Roma, e este Portugal?
Roma
pereceu. Portugal, se não agoniza, enferma gravemente.
Mas
para Roma não há já esperança; para nós há ainda uma. Sabeis qual?
Sois
vós, vós mesmos, vós unicamente, ó Lavradores.
António
Feliciano de Castilho (Lisboa, Portugal, 1800-1875), in “Antologia
Poética”.
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