segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO - Quão Grande, Meus Amigos

 
 
 
 
 

 

 Quão Grande, Meus Amigos
 
Quão Grande, Meus Amigos não era o Povo em que um Poeta podia dizer isto, sem medo de que o mundo, nem a posteridade, o desmentisse!
E nós também, nós, os Portugueses, já houve um tempo, em que pouco menos fomos.
Ouvi como o nosso Camões o cantava:
Mas em tanto que cegos, e sedentos
andais do vosso sangue, ó gente insana,
não faltarão cristãos atrevimentos
nesta pequena casa Lusitana.
De África tem marítimos assentos;
é na Ásia mais que todas soberana;
na quarta parte nova os campos ara,
e, se mais mundo houvera, lá chegara.
Hoje... que são aquela Roma, e este Portugal?
Roma pereceu. Portugal, se não agoniza, enferma gravemente.
Mas para Roma não há já esperança; para nós há ainda uma. Sabeis qual?
Sois vós, vós mesmos, vós unicamente, ó Lavradores.
 
António Feliciano de Castilho (Lisboa, Portugal, 1800-1875), in “Antologia Poética”.                    
 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...