quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PRÉMIO CAMÕES – 2007 – ANTÓNIO LOBO ANTUNES - Não disse nada amor

 
 
 
 





António Lobo Antunes (Lisboa, Portugal, 1942) é escritor e psiquiatra.
O “Prémio Camões” é o mais importante da literatura em língua portuguesa.

O júri deste ano reuniu-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Foi constituído pelos escritores Francisco Noa (Moçambique), João Melo (Angola), Fernando J.B. Martinho e Maria de Fátima Marinho (Portugal), Letícia Malard e Domício Proença Filho (Brasil).

A decisão do júri fundamentou-se “na mestria em lidar com a Língua Portuguesa, aliada à mestria em descortinar os recessos mais inconfessáveis dos homens, transformando-o num exemplo de autor lúcido e crítico da realidade literária”.

 

Palavras de António Lobo Antunes:

"A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos."
 
 
 
Não disse nada amor
 
Não disse nada amor, não disse nada
Foi o rio que falou com a minha voz
A dizer que era noite e é madrugada
A dizer que eras tu e somos nós

A dizer os mil rostos de Lisboa
Ao longo do teu rosto, se te beijo
Á luz de um pombo, chamo Madragoa
E Bairro Alto ao mar, se te desejo

Não disse nada amor, juro, calei-me
Foi uma voz que ao longe se perdeu
Cuidei que era Lisboa e enganei-me
Pensei que éramos dois e sou só eu
 
António Lobo Antunes

 
 

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