OUTRO
DIA
Que
coisa bela pela Avenida acima! (Gosto tanto da Avenida!)
Um Almeida cinzento com um
carrinho cinzento pela mão: a arranhar pelo chão a roda do carrinho e a
vassoura de varrer as folhas e os papéis. Triste, silencioso, só o barulho do
carro. Parece um deus do Outono aqui, pobre, desterrado. E contudo há-de haver
uma varinha mágica no mundo que o possa tocar. E ele havia de abandonar o carrinho,
havia de rir até as árvores se tornarem verdes. E mais.
in “Árvore - folhas de poesia” – 1951
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