MARCO AURÉLIO
(Itália, 121 d.C. - Áustria, 180
d.C.)
Imperador e filósofo
Após estudar retórica, decidiu
abandonar esse estudo e dedicar– se à filosofia.
O governo de Marco Aurélio, que se
estendeu por quase duas décadas (até sua morte, em campanha militar), foi
marcado por guerras sangrentas e prolongadas, e por uma série de dificuldades
internas. Ele foi excelente guerreiro e administrador e, ao mesmo tempo,
humanizou profundamente o exercício do poder.
in "Dicionário dos Filósofos”
***
MEDITAÇÕES
Lembra-te sempre de todos os médicos, já mortos, que franziam as sobrancelhas perante os males dos seus doentes; de todos os astrólogos que tão solenemente prediziam o fim dos seus clientes; dos filósofos que discorriam incessantemente sobre a morte e a imortalidade; dos grandes chefes que chacinavam aos milhares; dos déspotas que brandiam poderes sobre a vida e a morte com uma terrível arrogância, como se eles próprios fossem deuses que nunca pudessem morrer; de cidades inteiras que morreram completamente, Hélice, Pompeia, Herculano e inúmeras outras.
Depois, recorda um a um todos os teus conhecidos; como um enterrou o outro, para depois ser deposto e enterrado por um terceiro, e tudo num tão curto espaço de tempo. Repara, em resumo, como toda a vida mortal é transitória e trivial; ontem, uma gota de sémen, amanhã uma mão cheia de sal e cinzas. Passa, pois, estes momentos fugazes na terra como a Natureza te manda que passes e depois vai descansar de bom grado, como uma azeitona que cai na estação certa, com uma bênção para a terra que a criou e uma acção de graças para a árvore que lhe deu a vida.
in “Meditações” - Livro 4
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