quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A POESIA E AS GUERRAS – (IV)

 


Lamento de uma mãe para um filho soldado nas colónias 

Meu filho posto
soldado
levado para lá do mar

de negro ando vestida
chorando-te até chegares

Dois braços - sei - tu levavas
com quantos voltas não sei…

com duas pernas andavas
e com os olhos enxergavas
aqueles montes além

Meu filho neste baraço
de ódio que nunca vem…
uma farda te vestiram e uma arma te entregaram
a mando não sei de quem…

Puz cinza nos meus cabelos
e com um lenço os tapei

vou chorar-te dia e noite
nessa guerra de
ninguém

Dois braços - sei - tu levavas
com quantos voltas não sei…

 
Maria Teresa Horta, in “Poesia Reunida”.

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