Al Berto nasceu em Coimbra, no dia 11 de Janeiro de 1948. Viveu
até 13 de Junho de 1997.
Foi
poeta, editor e pintor.
Estudou pintura, em
Bruxelas, na “École Nationale Supérieure d’Architecture et des Arts
Visuels”.
A
perspectiva marginal da sociedade, reflecte-se na temática da sua poesia.
A
obra de Al Berto foi reunida no volume “O Medo”.
No dia 10 de Junho de 1992 foi-lhe
concedido o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada.
Euforia
Cai
neve no cérebro vivo do imaculado - dizem
que este milagres só são possíveis com rosas e
enganos - precisamente no segundo em que a insónia
transmuda os metais diurnos em estrume do coração
que este milagres só são possíveis com rosas e
enganos - precisamente no segundo em que a insónia
transmuda os metais diurnos em estrume do coração
dizem
também
que um duende dança na erecção do enforcado - o fulgor
dos sémenes venenosos alastra no brilho dos olhos e
um sussurro de tinta preta aflora os lábios
fere a mão de gelo que se aproxima da boca
que um duende dança na erecção do enforcado - o fulgor
dos sémenes venenosos alastra no brilho dos olhos e
um sussurro de tinta preta aflora os lábios
fere a mão de gelo que se aproxima da boca
o
vómito da luz ergue-se
das palavras ditas em surdina
das palavras ditas em surdina
a
seguir vem o sono
e o miraculado entra no voo dos cisnes
o dia cansa-se
na brutalidade com que a voz se atira contra as paredes
abrindo fendas
em toda a extensão das veias e dos tendões
e o miraculado entra no voo dos cisnes
o dia cansa-se
na brutalidade com que a voz se atira contra as paredes
abrindo fendas
em toda a extensão das veias e dos tendões
quando
desperta com o crepúsculo
o miraculado olha-nos fixamente e sorri
dá-nos uma rosa em forma de estilete - fechamos os olhos
sabendo que este é o maior engano
da eternidade.
Al Berto, in “Horto de Incêndio”
o miraculado olha-nos fixamente e sorri
dá-nos uma rosa em forma de estilete - fechamos os olhos
sabendo que este é o maior engano
da eternidade.
Al Berto, in “Horto de Incêndio”
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