Maria Amália Vaz de Carvalho nasceu em Lisboa, no dia 2 de Fevereiro de 1847.Viveu
até 24 de Março de 1921.
Foi poetisa, cronista, tradutora,
biógrafa, crítica literária.
Em 1867 escreveu o seu primeiro livro de poemas,
intitulado: “Uma Primavera de Mulher”.
Desempenhou um trabalho importante sobre
o papel da mulher na sociedade da época, assim como na sua educação.
Foi a primeira mulher a ingressar na
Academia de Ciências de Lisboa, em 1912, a par da escritora Carolina Michaëlis.
Em 1993, a Câmara Municipal de Loures criou o “Prémio Maria
Amália Vaz de Carvalho”, dedicado a jovens talentos de Poesia.
Foi condecorada com o oficialato da Ordem de Sant´Iago.
Em Lisboa, na Rua Rodrigo da Fonseca, existe um Liceu com o
nome da poetisa.
Este
poema foi escrito por Maria Amália Vaz de Carvalho, dedicado a seu pai, José
Vaz de Carvalho, “em tributo d´extremoso affecto e profunda
gratidão”.
Ouve-me Pae, da minha
lyra tímida
ouso as premicias a teus
pés depôr,
e leia n´ellas o teu
vasto espirito
humilde
preito de infinito amor!
C´rôa singella de nevados lyrios,
por mim tecida com suave
enleio!
vagas cadencias
amorosas, languidas,
que
a primavera me verteu no seio!...
Scentelhas soltas d´uma chamma
etherea…
mysticos sonhos que eu
soletro só…
que são?.. que valem,
para o mundo frívolo
todo
envolvido em seu doirado pó?
Só tu meu Pae acolherás
sollicito
a minha incerta e
juvenil canção!
tu, que de amores me
doiraste a infância!..
me és premio à lira, e
ao mal, se o fiz, perdão!
Oh! se n´um sonho
fugitivo, rápido,
vira da gloria a divinal
miragem…
se em magas horas de
fugaz delírio
me
endoidecera essa risonha imagem…
Se o echo ao longe dos
aplausos fervidos
désse à minh´alma embriaguez
febril,
e se os laureis d´entre
inspirados extasis
me
florejassem num perpetuo abril!
Sabes o premio que
antevira, esplendido!
e a recompensa que eu
sonhára então?
fôra em teus lábios um
sorrir de jubilo
fôra uma bênção da tua
nobre mão!
Maria Amália Vaz de Carvalho,
in “Uma Primavera de Mulher”.
Sem comentários:
Enviar um comentário