Julio Cortázar nasceu, ocasionalmente, em
Bruxelas, Bélgica, no dia 26 de Agosto de 1914. Viveu até 12 de Fevereiro de 1984.
Os pais de nacionalidade argentina
regressaram a Buenos Aires, quatro anos depois. Licenciou-se em Direito e
Línguas.
Romancista, contista, poeta, tradutor e professor,
Cortázar é um dos grandes nomes da literatura da América Latina, com destaque
para o conto e a prosa poética.
Em 1938,
publicou o primeiro livro de poesia, intitulado: “Presencia”.
Recebeu o
“Prémio Médicis” pela obra “Libro de Manuel”.
OS
AMANTES
Quem os vê andar pela cidade
se todos estão cegos?
Eles dão as mãos: algo fala
entre seus dedos, línguas doces
lambem a húmida palma, correm pelas falanges,
e acima a noite está cheia de olhos.
São os amantes, sua ilha flutua à deriva
rumo a mortes na relva, rumo a portos
que se abrem nos lençóis.
Tudo se desordena por entre eles,
tudo encontra seu signo escamoteado;
porém, eles nem mesmo sabem
que enquanto rodam em sua amarga arena
há uma pausa na criação do nada
o tigre é um jardim que brinca.
Amanhece nos caminhões de lixo,
começam a sair os cegos,
o ministério abre suas portas.
Os amantes cansados se fitam e se tocam
uma vez mais antes de haurir o dia.
Já estão vestidos, já se vão pela rua.
E só então,
quando estão mortos, quando estão vestidos,
é que a cidade os recupera hipócrita
e lhes impõe os seus deveres quotidianos.
se todos estão cegos?
Eles dão as mãos: algo fala
entre seus dedos, línguas doces
lambem a húmida palma, correm pelas falanges,
e acima a noite está cheia de olhos.
São os amantes, sua ilha flutua à deriva
rumo a mortes na relva, rumo a portos
que se abrem nos lençóis.
Tudo se desordena por entre eles,
tudo encontra seu signo escamoteado;
porém, eles nem mesmo sabem
que enquanto rodam em sua amarga arena
há uma pausa na criação do nada
o tigre é um jardim que brinca.
Amanhece nos caminhões de lixo,
começam a sair os cegos,
o ministério abre suas portas.
Os amantes cansados se fitam e se tocam
uma vez mais antes de haurir o dia.
Já estão vestidos, já se vão pela rua.
E só então,
quando estão mortos, quando estão vestidos,
é que a cidade os recupera hipócrita
e lhes impõe os seus deveres quotidianos.
Amei!
ResponderEliminarAna Maria Gomes, obrigado pelo seu comentário. Cumprimentos.
Eliminar