sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

AFONSO DUARTE - Horas de Saudade

 
 
 
 
 

Afonso Duarte (Montemor-o-Velho, Portugal, 1884 – Coimbra, Portugal, 1958).

Foi poeta, professor, pedagogo do desenho e etnógrafo.

A sua poesia de inspiração popular, inicialmente ligada ao saudosismo, não se fixou em nenhum movimento literário.

No entanto, Afonso Duarte manteve um relacionamento entusiástico com os grupos de diversas tendências literárias, colaborando em várias revistas, tais como: Presença, Seara Nova e Águia.



 
       Horas de Saudade
 
 
Vou de luar em rosto, descontente:
Meus olhos choram lágrimas de sal.
- Adeus, terras e moças do casal,
- Adeus, ó coração da minha gente.
 A hora da saudade é uma serpente:
 Quero falar, não posso, e antes que fale
 Ela enlaça-me a voz tão cordial
 Que as coisas mais me lembram fielmente.
Olhos de amora, e uma ave na garganta
Para enfeitiçar a alma quando canta,
Moças com sua parra de avental;
Graça, Beleza, um verso sem medida,
A Saudade desterrou-me a vida...
Sou um eco perdido noutro vale.
 
Afonso Duarte, in "Episódio das Sombras"




 

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...