Afonso
Duarte (Montemor-o-Velho, Portugal,
1884 – Coimbra, Portugal, 1958).
Foi poeta, professor, pedagogo do
desenho e etnógrafo.
A sua poesia de inspiração popular,
inicialmente ligada ao saudosismo, não se fixou em nenhum movimento literário.
No entanto, Afonso Duarte manteve
um relacionamento entusiástico com os grupos de diversas tendências literárias,
colaborando em várias revistas, tais como: Presença,
Seara Nova e Águia.
Horas de Saudade
Vou de
luar em rosto, descontente:
Meus olhos
choram lágrimas de sal.
- Adeus,
terras e moças do casal,
- Adeus, ó coração da minha gente.
A hora da saudade é uma serpente:
Quero falar, não posso, e antes que fale
Ela enlaça-me a voz tão cordial
Que as
coisas mais me lembram fielmente.
Olhos de
amora, e uma ave na garganta
Para
enfeitiçar a alma quando canta,
Moças com sua parra de avental;
Graça,
Beleza, um verso sem medida,
A Saudade
desterrou-me a vida...
Sou um eco perdido noutro vale.
Afonso
Duarte, in "Episódio das
Sombras"
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