Luandino Vieira (Vila
Nova de Ourém, Portugal, 1935). É
cidadão angolano.
Foi uma dos fundadores da União de Escritores Angolanos, em 1975.
Foi uma dos fundadores da União de Escritores Angolanos, em 1975.
Em 2006, um júri constituído por Francisco
Noa (Moçambique), José Eduardo Agualusa (Angola), Ivan Junqueira e Evanildo
Bechana (Brasil), Paula Mourão e Agustina Bessa-Luís (Portugal) elegeu Luandino Vieira como o
vencedor do Prémio Camões 2006.
Este prémio é o mais importante da
literatura em língua portuguesa.
O escritor
optou por não aceitar o galardão, evocando, para isso, “razões pessoais,
intimas”.
Algumas
das suas obras: Luuanda, No Antigamente,
na Vida, Macandumba, A Cidade e a Infância, O Livro dos Rios.
Palavras
de Luandino Vieira:
“Considero que
os meus anos de cadeia (preso político
no Tarrafal) foram muito bons para mim.
Estou a dizer do ponto de vista estritamente individual.”
Estrada
Luanda
Dondo vão,
cento
e tal quilômetros
mangas
e cajus
marcos
brancos
meninos
nus
Branco
algodão
crescendo
corpos
negros
na
cacimba
O
Lucala corre
confiante
indiferente
à ponte que ignora
Verdes
matas
Sangram
vermelhas acácias
imbondeiros
festejam
o
minuto da flor anual
Na
estrada
o
rebanho alinha
pelo
verde
verde
capim
Adivinhados
caqui
lacraus
de
capacete giz
Meninos
se
embalam
em
mães velhas
de
varizes:
Rios
azuis
da
longa estrada
E
é fevereiro
sardões
ao sol
Cassoalala
Eia
Mucoso
tão
vazio outrora
tão
cheio agora
Adivinhados
permanecem
lacraus
caqui
capacetes
giz
Não
param as colheitas
Que
razão seriam
fevereiro
acácias
sangrando vermelho
verdes
sisais
cantando
o parto
da
única flor?
Não
param as colheitas!
Luandino
Vieira (poema escrito em 1963).
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