José Régio (Vila do Conde, Portugal, 1901 - 1969) foi poeta, dramaturgo, romancista,
jornalista, crítico e historiador de literatura.
Iniciou a sua
carreira literária com notáveis obras poéticas. Mais tarde dedicou-se ao
teatro, à crítica e ao ensaio.
Licenciou-se em
Filologia Românica, defendo a tese intitulada: As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa.
Neste trabalho, José Régio fez, pela primeira vez, a apologia dos poetas do
“Orpheu”.
Em 1927, fundou
com outros escritores a revista “Presença” que iniciou a segunda geração de
intelectuais do Modernismo português.
Palavras de José Régio:
“Procurei fugir de mim, mas sei que sou meu exclusivo fim.”
Ter ou não ter ou Os Amigos
Triste!, estou hoje triste!, e despeitado
Com todos e comigo;
Por qualquer vão conflito imaginado,
Perdi um meu querido amigo
De há muitos anos.
- De há muitos anos, dizes?!
Como os patetas são felizes!:
Ainda podem ter enganos,
E tristes desenganos.
Pois um amigo é coisa que se perca,
Se adquira, troque, venda, merca,
Um amigo querido e tido longos anos…?
- Sim, tens razão!
Nós julgamos perder
Mal se nos abre a mão;
Mal a fechamos que julgamos ter.
Somos bem débil gente!
Dificilimamente
Podemos encarar a nossa solidão,
Ou ver que só perdemos
O que jamais tivemos.
Com todos e comigo;
Por qualquer vão conflito imaginado,
Perdi um meu querido amigo
De há muitos anos.
- De há muitos anos, dizes?!
Como os patetas são felizes!:
Ainda podem ter enganos,
E tristes desenganos.
Pois um amigo é coisa que se perca,
Se adquira, troque, venda, merca,
Um amigo querido e tido longos anos…?
- Sim, tens razão!
Nós julgamos perder
Mal se nos abre a mão;
Mal a fechamos que julgamos ter.
Somos bem débil gente!
Dificilimamente
Podemos encarar a nossa solidão,
Ou ver que só perdemos
O que jamais tivemos.
José Régio, in “A Chaga do Lado”
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