segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

JOSÉ RÉGIO – Ter ou Não Ter ou Os Amigos

 
 
 
 
 
 

José Régio (Vila do Conde, Portugal, 1901 - 1969) foi poeta, dramaturgo, romancista, jornalista, crítico e historiador de literatura.

Iniciou a sua carreira literária com notáveis obras poéticas. Mais tarde dedicou-se ao teatro, à crítica e ao ensaio.

Licenciou-se em Filologia Românica, defendo a tese intitulada: As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa. Neste trabalho, José Régio fez, pela primeira vez, a apologia dos poetas do “Orpheu”.

Em 1927, fundou com outros escritores a revista “Presença” que iniciou a segunda geração de intelectuais do Modernismo português.


Palavras de José Régio:

“Procurei fugir de mim, mas sei que sou meu exclusivo fim.”

                    

Ter ou não ter ou Os Amigos

 
 
Triste!, estou hoje triste!, e despeitado
Com todos e comigo;
Por qualquer vão conflito imaginado,
Perdi um meu querido amigo
De há muitos anos.
- De há muitos anos, dizes?!
Como os patetas são felizes!:
Ainda podem ter enganos,
E tristes desenganos.
Pois um amigo é coisa que se perca,
Se adquira, troque, venda, merca,
Um amigo querido e tido longos anos…?
- Sim, tens razão!
Nós julgamos perder
Mal se nos abre a mão;
Mal a fechamos que julgamos ter.
Somos bem débil gente!
Dificilimamente
Podemos encarar a nossa solidão,
Ou ver que só perdemos
O que jamais tivemos.

 

José Régio, in “A Chaga do Lado”

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...