quinta-feira, 16 de abril de 2015

ANTÓNIO RAMOS ROSA - O Silêncio não Existe

 
 




António Ramos Rosa (Faro, Portugal, 1924 – Lisboa, Portugal, 2013).

Poeta, ensaísta, tradutor, desenhador e crítico literário é um dos nomes cimeiros da literatura portuguesa contemporânea.
Organizou a importante antologia de poetas portugueses, Líricas Portuguesas.

Palavras de António Ramos Rosa:

“Não há segredo mais supremo nem mais simples do que esta relação vital entre o corpo e o espaço, entre o alento e a paisagem, entre o olhar e o ser.”

 
 
O Silêncio não Existe

O silêncio não existe porque é o constante rumor de uma inexistência. O que se ouve, para além do movimento da cidade, é o monótono murmúrio do nada. Apenas sombra de nada, quem nele procura um apelo ou uma resposta não os encontra ou encontra um sinal negativo. Nada diz esse murmúrio nulo, que é o eco inalterável do vazio do mundo, mas quem o ouve sente a radicalidade da sua negação como se a cada momento nos dissesse: Não há.

 
António Ramos Rosa, in “Relâmpago de Nada”

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