ADEODATO BARRETO (Margão, Goa, Índia, 1905 – Coimbra, Portugal,
1937).
Poeta e
escritor, expoente da cultura luso-indiana, foi o introdutor do verso irregular
na literatura goense.
Com 18 anos partiu para Portugal, onde
se formou em Ciências Histórico-Filosóficas.
Civilização
Hindu é considerada a mais relevante
obra em prosa de Adeodato Barreto.
O Génesis da Mulher
Deus, logo que fez as flores,
Parou e pôs-se a cismar...
- Falta a flor dos meus amores.
Vou outra flor inventar.
Colheu lírios e boninas,
Rosa... cravo e malmequer,
Mogarins, zaiôs e cravinas...
E fez de tudo a mulher.
Viu, porém, que a nova flor
Era a que mais graça tinha
Disse, então, cheio de amor:
- Não és só flor, és rainha!
Pôs-lhe na fronte a pureza,
Na boca um terno sorriso,
No coração a firmeza...
Esqueceu dar-lhe... juízo.
Adeodato Barreto
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