Saint-John Perse (Guadalupe,
Caraíbas, 1887- Giens, França, 1975), poeta e diplomata, é autor das
obras mais talentosas da poesia francesa do século XX.
Exerceu funções diplomáticas em Pequim e em Xangai.
Publicou, em 1910, Éleges, o seu primeiro
livro de poemas influenciados pelo Simbolismo, desenvolvendo, mais tarde, um
estilo pessoal.
Recebeu o “Prémio Nobel de Literatura” de 1960, pelo
conjunto da sua obra.
Palavras de Saint-John Perse:
"Em
termos de teoria literária, nada tenho a dizer: nunca apreciei os cozinhados
dos químicos."
Estreitos são os
navios (fragmentos)
Estreitos são os navios, como estreito o nosso tálamo.
Imensa a extensão das águas, mais vasto o nosso império
Nas câmaras cerradas do desejo.
Uma única vaga através do mundo, uma única vaga desde Tróia
Até nós vem rolando a sua anca.
No muito grande largo, ao largo, longe de nós, outrora este sopro se imprimiu…
E uma noite nas câmaras foi imenso o rumor: a própria morte, nem ao som de búzios, de modo algum aí se faria ouvir!
Uma tarde a terra chora os seus deuses, e o homem dá caça às feras ruivas; as cidades usam-se, as mulheres sonham… Que exista sempre à nossa porta
Esta alvorada imensa chamada mar escol de largas asas e levantamento armado, amor e mar do mesmo leito, amor e mar no mesmo leito.
Saint-John
Perse, in “Estrofe”
Tradução: David Mourão Ferreira
Tradução: David Mourão Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário