segunda-feira, 25 de setembro de 2017

ARMANDINHO - Guitarrista

 
 
 
ARMANDINHO
(Lisboa, Portugal, 1891 - 1946)

 GUITARRISTA

Armandinho, apresentou-se pela primeira vez em público em 1905, com apenas 14 anos, no velho Teatro das Trinas, na Madragoa. Mas a sua estreia como guitarrista profissional tem lugar no Olímpia Club, situado na Rua dos Condes, acompanhado à viola por João da Mata Gonçalves.

Em 1925 acompanha cantadores e cantadeiras no Solar da Alegria, local de culto dos amantes do Fado que, amiúde, ali se deslocam para se deliciarem com as "improvisações" de Armandinho ou para ouvi-lo interpretar as composições do seu Mestre, Luís Petrolino.

Em 1926 faz a primeira gravação em Portugal em microfone de bobine eléctrica móvel. Grava seis composições, acompanhado na viola por Georgino de Sousa.

Armandinho foi dos primeiros a realizar digressões artísticas fora do continente português.

Músico autodidacta, toca de ouvido e, para além de um excelente executante, é também compositor de grandes melodias. Autor de muitos Fados e variações que sobrevivem até aos dias de hoje criou temas que se tornaram "clássicos", casos de "Fado Armandinho",  "Fado do Bacalhau", "Fado Mayer", "Fado Estoril", "Variações em Ré Menor", "Fado Fontalva", entre muitos outros.

São inúmeras as vozes fadistas que acompanhou quer em actuações em espectáculos e casas de fado quer em gravações discográficas.

Armandinho actuou nas mais emblemáticas casa de Fado de Lisboa.

As suas interpretações são suaves e subtis, incluem pianinhos que retirava da guitarra tocando com as suas próprias unhas e, para determinados efeitos tímbricos, recurso à surdina. Armandinho revelou-se um marco na execução da guitarra portuguesa, criando "escola" onde se filiaram outros grandes nomes como José Marques Piscalareta, Carvalhinho, José Nunes, Jaime Santos, Raul Nery ou Fontes Rocha, entre outros.

As suas interpretações tinham tal força que inspiraram ao poeta Silva Tavares as seguintes quadras:

 “A guitarra - alma da raça,
Amante do meu carinho,
Tem mais perfume e desgraça
Nas mãos do nosso Armandinho.


Benditos os dedos seus
Que arrancam assim gemidos
Tal como se a voz de Deus
Falasse aos nossos ouvidos.”

 ***
Palavras de Armandinho

A terceira «tournée» em que entrei, porventura a mais importante, já pelo número de artistas, já pelo reportório, foi ao Brasil, Argentina e Uruguai. Era a Embaixada do Fado, embaixada luzidia em que figuravam, além da minha humilde pessoa, Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres, Lina Duval, Branca Saldanha, José dos Santos Moreira, Alberto Reis, Felipe Pinto, Joaquim Pimentel e Eugénio Salvador."

 
in “Museu do Fado” (excertos)

 

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