ARMANDINHO
(Lisboa,
Portugal, 1891 - 1946)
GUITARRISTA
Armandinho, apresentou-se
pela primeira vez em público em 1905, com apenas 14 anos, no velho Teatro das
Trinas, na Madragoa. Mas a sua estreia como guitarrista profissional tem lugar
no Olímpia Club, situado na Rua dos Condes, acompanhado à viola por João da
Mata Gonçalves.
Em 1925 acompanha cantadores
e cantadeiras no Solar da Alegria, local de culto dos amantes do Fado que,
amiúde, ali se deslocam para se deliciarem com as "improvisações" de
Armandinho ou para ouvi-lo interpretar as composições do seu Mestre, Luís
Petrolino.
Em 1926 faz a primeira gravação
em Portugal em microfone de bobine eléctrica móvel. Grava seis composições,
acompanhado na viola por Georgino de Sousa.
Armandinho foi dos
primeiros a realizar digressões artísticas fora do continente português.
Músico autodidacta, toca
de ouvido e, para além de um excelente executante, é também compositor de
grandes melodias. Autor de muitos Fados e variações que sobrevivem até aos dias
de hoje criou temas que se tornaram "clássicos", casos de "Fado
Armandinho", "Fado do
Bacalhau", "Fado Mayer", "Fado Estoril",
"Variações em Ré Menor", "Fado Fontalva", entre muitos
outros.
São inúmeras as vozes
fadistas que acompanhou quer em actuações em espectáculos e casas de fado quer
em gravações discográficas.
Armandinho actuou nas mais
emblemáticas casa de Fado de Lisboa.
As suas interpretações são
suaves e subtis, incluem pianinhos que retirava da guitarra tocando com as suas
próprias unhas e, para determinados efeitos tímbricos, recurso à surdina.
Armandinho revelou-se um marco na execução da guitarra portuguesa, criando
"escola" onde se filiaram outros grandes nomes como José Marques
Piscalareta, Carvalhinho, José Nunes, Jaime Santos, Raul Nery ou Fontes Rocha,
entre outros.
As suas interpretações
tinham tal força que inspiraram ao poeta Silva Tavares as seguintes quadras:
Amante do meu carinho,
Tem mais perfume e desgraça
Nas
mãos do nosso Armandinho.
Benditos os dedos seus
Que arrancam assim gemidos
Tal como se a voz de Deus
Falasse
aos nossos ouvidos.”
***
Palavras
de Armandinho
“A
terceira «tournée» em que entrei, porventura a mais importante, já pelo número
de artistas, já pelo reportório, foi ao Brasil, Argentina e Uruguai. Era a
Embaixada do Fado, embaixada luzidia em que figuravam, além da minha humilde
pessoa, Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres, Lina Duval, Branca Saldanha,
José dos Santos Moreira, Alberto Reis, Felipe Pinto, Joaquim Pimentel e Eugénio
Salvador."
in “Museu do Fado” (excertos)
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