RAINER MARIA RILKE
(Praga,
República Tcheca,1875 - Valmont, Suíça, 1926)
Poeta
Um dia, quando recolhia
rosas no seu jardim, preparando-se para oferecê-las a uma amiga, feriu-se com
um espinho. A picada do espinho infeccionou e sobreveio a leucemia fatal. Nos
últimos dias, Rilke negava-se a tomar injecções, dizendo: «Não, deixem-me morrer de minha própria morte. Não quero a morte dos
médicos».
Rainer Maria Rilke
terminou seus dias no castelo de Muzot, na Suíça, que lhe fora presenteado por
um amigo. O castelo elevava-se «num
panorama de montanhas tristes, onde o poeta abusava de sua intimidade com o
silêncio», como disse seu amigo Paul Valéry.
in “Mundo Literário” – Semanário de Crítica e
Informação Literária, Científica e Artística – 1947
***
A MORTE DO POETA
Jazia. A sua face, antes intensa,
pálida negação no leito frio,
desde que o mundo, e tudo o que é presença,
dos seus sentidos já vazio,
se recolheu à Era da Indiferença.
Ninguém jamais podia ter suposto
que ele e tudo estivessem conjugados
e que tudo, essas sombras, esses prados,
essa água mesma eram o seu rosto.
Sim, seu rosto era tudo o que quisesse
e que ainda agora o cerca e o procura;
a máscara da vida que perece
é mole e aberta como a carnadura
de um fruto que no ar, lento, apodrece.
pálida negação no leito frio,
desde que o mundo, e tudo o que é presença,
dos seus sentidos já vazio,
se recolheu à Era da Indiferença.
Ninguém jamais podia ter suposto
que ele e tudo estivessem conjugados
e que tudo, essas sombras, esses prados,
essa água mesma eram o seu rosto.
Sim, seu rosto era tudo o que quisesse
e que ainda agora o cerca e o procura;
a máscara da vida que perece
é mole e aberta como a carnadura
de um fruto que no ar, lento, apodrece.
in “Novos
Poemas”
Tradução: Augusto de Campos
Tradução: Augusto de Campos
Adorei a frase repetida por Rilke em seus últimos dias - e pretendo adotá-la! Grata, Edu Taveira!
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