CANCIONEIRO GERAL
Também conhecido pelo nome
de «Cancioneiro de Garcia de Resende», ou «Cancioneiro Geral de Garcia de
Resende», numa justa alusão ao seu compilador, a sua natureza situa-se já fora
da poesia trovadoresca.
Diz-se que este
Cancioneiro foi inspirado no «Cancioneiro de Baena» e no «Cancioneiro de
Hernando del Castilho». Impresso em 1516, a sua produção poética, repartida por
286 autores, abrange os reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel. E os
temas principais da sua poesia são o lirismo religioso, poesia histórica e heroica,
poesia didáctica e poesia satírica.
Um dos poemas do
«Cancioneiro Geral», considerado dos mais belos, é da própria autoria de Garcia
de Resende. São 22 décimas de redondilha, tendo por tema D. Inês de Castro e os
seus amores trágicos com D. Pedro I.
in “Literatura Portuguesa”
***
tão cru e sem piedade,
que lhe não cause paixão
uma tão grã crueldade
e morte tão sem razão?
Triste de mim, inocente,
que, por ter muito fervente
lealdade, fé, amor
ao príncipe, meu senhor,
me mataram cruamente!
*
Dous
cavaleiros irosos, que tais palavras lh’ouviram,
mui crus e não piedosos,
perversos, desamorosos,
contra mim rijo se viram;
com as espadas na mão
m’atravessam o coração,
a confissão me tolheram:
este é o galardão
que meus amores me deram.
GARCIA DE RESENDE (Évora, Portugal, 1470 - 1536),
poeta, cronista, músico, desenhista e arquitecto português.
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