sexta-feira, 12 de outubro de 2018

CARL SANDBURG – Caixas e Sacos



CARL SANDBURG
(EUA, 1878 – 1967)
Poeta, historiador

***
Carl Sandburg:


“Estou ainda a estudar os verbos e a misteriosa maneira como se ligam aos substantivos. Desde que me conheço, nunca como hoje tive tantas suspeitas em relação aos adjectivos. Esqueci o significado de vinte ou trinta poesias escritas há trinta ou quarenta anos. As minhas preferências vão ainda para poesias bem fáceis publicadas há muito e que continuam a atrair as pessoas simples.”

***
CAIXAS E SACOS

Quanto maior é a caixa, mais leva.
As caixas vazias levam tanto como as cabeças vazias.
Muitas caixinhas vazias, que se deitam numa grande caixa vazia, enchem-na toda.
Uma caixa meio-vazia diz: «Ponham-me mais.»
Uma caixa bastante grande pode conter o mundo.
Os elefantes precisam de grandes caixas para guardar uma dúzia de lenços de assoar para elefantes.
As pulgas dobram os seus lencinhos e arrumam-nos com cuidado em caixas de lenços para pulgas.
Os sacos encostam-se uns aos outros e as caixas levantam-se independentes.
As caixas são quadradas e têm cantos, ou então são redondas e têm círculos.
Pode empilhar-se caixa sobre caixa até que tudo venha abaixo.
Empilhe caixa sobre caixa, e a caixa do fundo dirá: «Queira notar que tudo repousa sobre mim.»
Empilhe caixa sobre mim, e a que está em cima perguntará: «É capaz de me dizer qual de nós cai para mais longe quando caímos todas?»
As pessoas-caixas vão à procura de caixas e as pessoas-sacos à procura de sacos.


Tradução: Alexandre O´Neill

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...